quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Desmontando Me


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Lis*, em umas de suas viagens típicas de horários de almoço sem comida, encontra alguns pedaços de si em uma tal de "Breve Análise sobre o pequeno Principe", de Marcelo Manchiori.

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Sobre a sensibilidade do artista ou a capacidade de revelar o sofrimento


Segundo Freud, as forças mentais relativas ao princípio do prazer manifestam-se, principalmente, relegadas para o inconsciente e operando através dele. O consciente é, por sua vez, regido quase somente pelo princípio da realidade. Nesta cisão, o homem é afastado de seus anseios e acaba vivendo em contato não com o objeto que deseja e busca, mas com um mero reflexo incapaz de causar satisfação.
Desta forma, o princípio de realidade não contém tantos aspectos que possam ser chamados de reais.
Para tentar reunir estes dois mundos, o do princípio do prazer com o da realidade, a criança utiliza a brincadeira. Ela cria um mundo seu, no qual os erros do mundo presente são corrigidos e ela, no meio desta brincadeira, tenta suprir as necessidades que lhe são negadas de satisfação na vida diária.
Com o passar do tempo, o principio da realidade acaba se impondo e o adulto perde quase por completo o contato com o mundo da fantasia. O artista é, então, aquele que ainda possui um pouco do espírito da criança e é capaz de se retirar para o mundo da fantasia no momento de sua criação.
Arte é assim uma expressão de revolta contra a repressão brutal que impede a felicidade. A obra de arte exprime a dor de não podermos ter simplesmente e imediatamente o nosso objeto de desejo, e acaba servindo como um protesto a favor da liberdade, da possibilidade de se viver por inteiro e conquistar a felicidade.



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Sobre a formação da individualidade


No livro, a raposa ensina ao Pequeno Príncipe a importante lição de que as coisas só ganham sentido quando se conhece a amizade. O Pequeno Príncipe compreende que apesar de o mundo ter milhares de rosas, a rosa de seu planeta era única, pois somente ela era mantenedora de seu amor, de seu afeto.
É estranho conceber que o processo de individuação não esteja ligado única e exclusivamente ao próprio sujeito que busca este estágio, mas tornar-se individuo só é possível quando existe o outro. Não é possível ser único, se não for para alguém.
Voltando à lição da raposa, ela diz: “o essencial é invisível aos olhos”. A individualidade se faz nas pequenas coisas, nos detalhes que muitas vezes são esquecidos. É através do afeto direcionado ao objeto que faz com que ele se torne diferente dos demais objetos. Um jeito de sorrir, um pequeno defeito, ou mesmo uma mania apaixonante são os reais responsáveis por que o sujeito possa ser, então, considerado único. Do contrário, sem estes atestados de afeto tão simples e quase imperceptíveis, todo o resto seria desperdiçado e o indivíduo não passaria de mais um entre muitos.
Como diz o Pequeno Príncipe, “o que torna belo o deserto é que ele esconde um poço em algum lugar”. Quando ganhamos um presente, ele carrega o sorriso de quem o deu, a expectativa no desembrulhar. Se fosse somente o presente em si, este não seria nada além de uma casca.
Poucos são os capazes de desfrutar destes pequenos detalhes, a maioria acaba acreditando que estas cascas são o conteúdo que buscam. Nunca encontrarão felicidade, viverão nessa eterna busca que não chega a lugar algum.
Mas sobre isso, prefiro que o próprio Pequeno Príncipe dê seu conselho:

“_ Os homens de teu planeta cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim... e não encontram o que procuram...”
“_ E, no entanto, o que eles procuram poderia ser encontrado numa só rosa, ou num poço de água.”
“_ Mas os olhos são cegos. É preciso ver com o coração...”


E depois ainda me perguntam o motivo pelo qual eu sou assim.
Ser é uma questão que não carece de motivos. É e basta.
Espero redundantemente eu que, 4 dias em casa, no meu Paraisobiru, sejam suficientes para juntar meus pedaços e formar uma Lis* mais inteira.
Pq, querendo ou não, essa aqui anda meio em cacos, e cacos de espelho que produzem os mais confusos reflexos.
Boa? Sim, eu sou.
Só to carecendo encontrar as coisas que me são importantes, mas acabaram ficando em algum fundo de gaveta, e também separar o que ainda me serve daquilo que não dá mais pra usar.
As vezes é bom lembrar da minha lei do vácuo néh!
Esvaziar-se pra deixar-se preencher.




Bju da Lis* Amém

2 comentários:

  1. A lei do vácuo é novidade pra mim...

    boa sorte com os cacos... bjo =*

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  2. é assim a vida
    ...melhor ainda é poder me juntar quando quero...
    refletir é bom...
    e sozinha então???
    melhor ainda
    crescer é mara...saber deixar amigos crescer tambem...
    espero que de tudo certo , por que te amo...
    e és pra mim umas das coisas incondicionais.

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